quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A viagem

Por Antonio Edmar

Nesses dias pela manhã aconteceu algo comigo que me fez refletir ainda mais sobre o perigo das drogas. Levantei-me cedo e tudo indicava que seria um dia como outro qualquer. Chegando à parada de ônibus  uma mulher ainda com jeito de menina me abordou, perguntando se eu iria pagar minha passagem com dinheiro. Respondi a ela que sim então um pouco envergonhada me indagou se eu iria para a rodoviária, disse-lhe que sim, perguntou-me se eu me importava em passar no cartão fácil dela e em seguida dar-lhe o dinheiro, pois precisava do mesmo para tomar café, falei que não havia problema nenhum em fazer isso. Depois de alguns instantes aguardando o ônibus então ele veio. Quando passei a roleta sentei-me ao lado dela, então começamos a conversar e perguntei onde ela estava indo ela me disse que iria para a rodoviária, pois precisava concertar o seu celular.
Depois de falar um pouco da minha vida ela então se sentiu à vontade de contar um pouco da vida dela. Começou me falando que estava com um problema psiquiátrico e que tomava medicamento controlado por ter uma doença que agora não me recordo o nome, mas que se faltasse o mesmo não conseguiria manter um equilíbrio. Continuamos o diálogo e depois de muita conversa ela então me disse que era ex-presidiária e que estava na condicional havia alguns meses, não escondo que no momento aquilo me surpreendeu foi uma mistura de receio e espanto, como podia uma moça tão “normal” ter passado por tudo isso. Senti-me a vontade para ir mais longe e perguntei o porquê da prisão. Então ela me disse que na adolescência dela ela havia experimentado diversos tipos de drogas e que o problema psiquiátrico dela era oriundo desse consumo, pois o organismo dela tinha rejeitado essas substâncias ocasionando a doença. Então depois disso disse-me que cometeu um crime e não quis entrar em mais detalhes. Respeitei sua vontade. Ela continuou dizendo que não foi julgada, pois foi comprovada sua doença e até por que ela já havia sido internada diversas vezes no Hospital São Vicente de Paula. Sua pena foi uma medida sócio-educativa de três anos. Disse-me que se arrepende muito de tudo e que a vida dela nunca mais havia sido a mesma depois de tudo isso, mas que isso não a impediu de recomeçar. Estava estudando e me contou também que o preconceito estava muito grande e relatou alguns sonhos que para mim são tão simples, mas que para ela são metas que exigia muito dela.
Chegando o momento da minha descida nos despedimos e nunca mais a vi. Nesse dia parei para refletir o quanto é importante estarmos longe das drogas, muitas pessoas se encontram hoje em uma vida de sofrimento por causa delas. É muito bom quando encontramos pessoas que conseguiram superar tudo isso e que ainda lutam para se ver livres desse mal que vem assolando a juventude atual. Melhor ainda é quando conseguimos através desses exemplos enxergar os estragos que essas substâncias podem causar à vida. Eu havia levado um livro comigo para ler na viagem, não li uma página sequer, tentei ao máximo tirar toda a experiência que aquela sofrida jovem tinha para me passar. Naquele momento não tinha nada de mais interessante do que conversar com aquela meiga menina.

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